Música x Direitos Autorais

O que é LEGAL está aqui

O Teatro Mágico

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Fonte: Divulgação

O que é O Teatro Mágico?

Uma mistura de circo, poesia, dança, teatro e música esta é melhor forma de definir o Teatro Mágico. A trupe liderada por Fernando Anitelli é destaque nos principais veículos de comunicação da internet e do país. O Teatro Mágico desperta a curiosidade da opinião pública por sua veia artística e por seu bem-sucedido modelo de produção, avesso aos esquemas das grandes gravadoras. “Longe da crítica, perto do público”, assim relatou o jornal a Folha de S. Paulo, elegendo, através de seus leitores, a companhia musical e circense como Melhor Espetáculo de 2007.

As influências do grupo são as mais variadas, vão de Secos & Molhados ao Cirque Du Soleil, passando pelo poeta gaúcho Mário Quintana. Os instrumentos também são diversos, violino, percussão, guitarras, teclado, violões, sax e instrumentos indígenas. O diferencial também está na forma de divulgação, a participação do público em sites de relacionamentos como orkut, myspace a disponibilização de vídeos no youtube e a distribuição das músicas de forma gratuita garantem ao Teatro Mágico o reconhecimento do trabalho e uma ampla divulgação, maior até do que muitas bandas que aparecem na mídia convencional.

O primeiro CD, “Entrada Para Raros”, gravado em 2003 já vendeu mais de 100 mil cópias. Exatamente, mesmo disponibilizando as músicas na internet, os fãs compram os CDs da banda, que são vendidos por R$ 5,00 durante os shows e também na Lojinha do site, onde é possível adquirir também DVDs, camisetas e um livro de poesias. Em junho de 2008, um dia antes do lançamento oficial do segundo CD, intitulado “O 2º Ato”, as 20 primeiras músicas mais baixadas do site da Trama Virtual eram do Teatro Mágico. Em 48 horas de disponibilizacão das músicas o número de downloads já ultrapassava 90 mil.

O nome

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O nome foi tirado do livro “O Lobo da Estepe”, de Herman Hesse. Em uma passagem, a personagem principal se depara com uma placa onde se lê: “Esta noite o Teatro Mágico – Entrada para raros”

A assim segue o Teatro Mágico, vestindo a camiseta da música e da cultura livre, o grupo do interior de Osasco, interior de São Paulo, mesmo sem o apoio de grandes gravadoras e sem dispor de grandes verbas publicitárias, transformou-se em fenômeno entre o público jovem e entre aquelas que gostam de conteúdos alternativos. Os milhares de fãs espalhados pelo país inteiro se encarregam de divulgar o trabalho dos artistas que já se apresentaram em todos os estados do Brasil. Em seu último na capital gaúcha, a trupe reuniu quase 2 mil pessoas.

Veja parte do primeiro show do Teatro Mágico no Rio Grande do sul, em agosto de 2008:

Veja parte do segundo show do Teatro Mágico em Porto Alegre, em dezembro de 2008:

Independência

O Teatro Mágico é a favor da disponibilização de seus trabalhos na internet, Fernando Anitelli, o vocalista, declara seu apoio irrestrito à internet livre em notícia publicada no site da banda: “Por que é que ao invés de criminalizar os internautas, eles não criminalizam o jabá?!?!?!”

Ouça AQUI Fernando falando sobre a independência e defendendo o livre acesso a cultura, a educação, a música. Idéias que O Teatro Mágico adota na prática.

Fãs

O Teatro Mágico vem conquistando mais e mais fãs por onde passa. Esses fãs aderem a brincadeira feita pelo grupo, se vestindo como a trupe e entrando no encanto da apresentação, não somente através das vozes cantando junto da banda, mas também visualmente, como cita Fernando no vídeo abaixo, ou seja, pintam seus rostos, colocam seus narizes de palhaço e se unem ao Teatro Mágico durante o espetáculo.

No Rio Grande do Sul, a gaúcha Juliana Chaves, 23 anos, estudante de jornalismo, estava procurando bandas novas de mpb no tramavirtual e encontrou O Teatro Mágico. “Logo de cara me identifiquei com o nome da banda e fui ouvir. Gostei da proposta, das músicas e da caracterização. Alguns meses depois eles fizeram o primeiro show em Porto Alegre e eu fui com mais alguns amigos.” diz a futura jornalista. Para Juliana, o que mais atrai no Teatro Mágico é a idéia de misturar tudo: teatro, circo e música, pois ela acha que assim a trupe incentiva a arte, a realização de Sarau, além de trabalharem em busca da liberdadade de poetar.

Juliana apóia o trabalho independente e diz que espera que “O Teatro Mágico não se venda para a grande mídia nem grave cds com gravadoras, pois a essência deles está por serem um grupo alternativo, que deu certo e que conquistou o publico por ter seu material democratizado na internet”.

Fernando, o vocalista,  fala do projeto que é proposto pelo Teatro Mágico e sobre a arte independente:

Em Goiânia, Marcelo Menezes Lemos, 24 anos, estudante de arqueologia, diz que conheceu o Teatro Mágico também através da internet, por acaso, no site last.fm. “O Teatro Mágico apareceu como  musicas recomendadas, aí baixei e gostei. O que mais me chamou a atenção foi o nome tirado de um livro chamado O Lobo da estepe de  Herman Hesse” diz o estudante que acompanha a banda desde 2007. Desde então Marcelo, que achou neles um belo trabalho (caracterizando-os como uma mistura letras fofinhas e arte de circo), segue acompanhando O Teatro Mágico e diz estar aguardado o show deles em Goiânia, para finalmente poder vê-los ao vivo.

Novo trabalho

segundo ato“O Teatro Mágico: Segundo Ato” é o mais recente álbum de Fernando Anitelli e sua trupe. As composições escolhidas colocam em debate o homem e a sociedade na qual vive. No primeiro CD (Entrada para Raros), a trupe estava imersa num universo paralelo, num lugar onde tudo era possível, falávamos de lutar pelos nossos ideais, pelos sonhos. No “Segundo Ato”, a gente dialoga sobre como realizar isso. É como se a trupe chegasse na cidade e se deparasse com as questões sociais e urbanas, como o cotidiano dos mendigos citados na música “Cidadão de Papelão” ou a problemática da mecanização do trabalho, questionada na canção “O Mérito e o Monstro”. Indo mais além, na música “Xanéu nº5″, há um debate sutil e, por vias opostas, mordaz, sobre o amontoado de informações que absorvemos, sem perceber, assistindo aos programas de TV da atualidade”, explica Anitelli.

O Teatro Mágico fala

Como vocês explicam o sucesso da trupe sem o apoio de uma grande gravadora e sem grandes custos de divulgação?
– O Teatro Mágico é como um vírus bom da internet, Desde que começamos, em dezembro de 2003, nossa principal forma de divulgação são nossos fãs e a internet. Sempre incentivamos uma pirataria saudável, os fãs filmam os shows e postam no You Tube, as músicas podem ser baixadas de graça. Nossos CDs são vendidos por cinco reais depois das apresentações e por dez reais através do site. Se um fã comprar o cd e depois fizer várias cópias para presentear os amigos, estaremos cumprindo nosso papel. Se ele preferir baixar as músicas e depois gravá-las em um cd, não tem problema. O importante é que as músicas e cultura em geral sejam acessíveis a todos.

Existe a possibilidade de o Teatro Mágico fechar contrato com alguma grande gravadora? Por quê?
– Sempre partimos do princípio de ser independentes. Não somos como alguns grupos que, por não terem gravadora, vão fazendo algo almejando à indústria. Já tentaram transformar a gente em bonequinho, figurinha de chiclete, joguinho, todas as gravadoras vieram nos procurar e a resposta foi não. A gente não quer virar esse tipo de coisa. Nosso sistema e trabalho são outro. Vai poder vender um CD por R$ 10,00 na mão do nosso público? Pode liberar todas as músicas de graça na internet? Se não pode, não nos interessa. A nossa luta prevalece.

Como é a relação do Teatro Mágico com o seu público?
– Nosso público funciona como co-autor, sente como se fosse parte da trupe. Algumas pessoas vêm maquiadas para os nossos shows, oferecem textos para serem lidos no palco, o show se transforma em um grande sarau amplificado. Então as pessoas que vinham nos ver passaram a ser nossos mecenas, assistiam o show e faziam uma comunidade no Orkut. Se as pessoas são bem relacionadas, a comunidade cresce, o que para nós é fantástico, pois ganhamos uma divulgação boca a boca.

Veja algumas fotos de shows realizados no sul do Brasil:

Fotos: Mônica Patrícia

Fotos: Mônica Patrícia

junho 18, 2009 Posted by | Entrevista, Internet | , , , , , , | 4 Comentários

MySpace: o maior divulgador de música on line (e legal) do mundo

Através do MySpace que é um serviço de rede social, onde as pessoas podem se relacionar via internet para se relacionar afetivamente ou profissionalmente ou para compartilharem de coisas em comum.A interatividade da ferramenta faz que o serviço seja a maior rede social do mundo, acima até mesmo do Youtube. O site tem como propriedade interatividade de seus usuários contando com cerca de 110 milhões de usuários. Novos recursos estão sendo adicionados ao serviço, fazendo com isso que a curiosidade mova tantos usuários.

Essa popularidade e principalmente o poder de hospedar músicas no formato MP3,chamou a atenção de bandas e músicos de todo o mundo para divulgar seus trabalhos.

Algumas características marcantes do MySpace podem se apresentar através grupo de usuários possam utilizar uma mesma página e quadro de mensagem. Qualquer indivíduo pode criar a página e o moderador do grupo rege quem pode ou não fazer parte da página. Em 2008, o MySpace disponibilizou um API – Interface de Programação de Aplicativos, onde os usuários tem a liberdade de criar aplicativos para outros usuários podendo assim, postar em diferentes perfis.

Neste mesmo ano foram adicionadas opções de segurança levando conta à interação com fotos e outras mídias.

Música no MySpace

Quando se fala em música os perfis do MySpace são diferentes na medida em que os artistas podem disponibilizar o download de músicas de MP3.

Também pode ser usado para vender suas músicas, almejando uma popularidade sobre seus trabalhos. No sentido músical, o site não para de desenvolver a fundação de jovens talentos ou a divulgação por parte de bandas já consagradas.

O MySpace, além de uma rede de relacionamentos, pode ser também um meio alternativo e muito eficaz para divulgar o trabalho das bandas. De forma legal, músicas, vídeos e imagens podem ser exibidas através do MySpace. Lá você escuta o som que a banda de seu gosto disponibilizou, acompanha bastidores e o que mais for possível diante do que essa banda e expor.

Sem oferecer downloads, ele te faz entrar na rede e ali permanecer para seguir usufruindo de todas essas facilidades. Uma banda pode conseguir visibilidade e atenção através deste meio se, além de seu trabalho ter qualidade, a banda souber como usá-lo a seu favor.

Estar nessa rede também pode ser uma chance a mais para manter-se no rol dos famosos. Quanto mais atualizado e mais completo o perfil do MySpace estiver, conseqüentemente, mais interessante e atrativo se tornará. Mesmo que diante de uma situação não muito favorável, o material estará lá. Mesmo que o número de visitas não seja exorbitante, sempre haverá alguém atrás, para curtir, conhecer, usufruir, divulgar por aí.

O MySpace, sem dúvida, é um ótimo meio de crescer e se manter no mercado fonográfico.Um meio legal, interessante, barato e bastante ativo.

“O MySpace leva o teu trabalho onde o CD não consegue chegar”

Radiostereo

A Banda Radiostereo está na luta para ser a mais nova promessa do rock gaúcho. Formada em 2008 pelo vocalista e guitarista Rodrigo Hart, o grupo tem influências com o grunge e o rock inglês. O vocalista trouxe de sua antiga banda o tecladista Fernando Oliveira, com fortes do Blues e do jazz americano. No baixo, Nei Paluchowski, jovem baixista, mas com uma grande experiência da música nos bares e casas noturnas da capital, assim como o baterista Nico Bonato, amigo de infância do tecladista da banda. As guitarras vibrantes da Radiostereo ficam por conta de Rodrigo Shura, que além de guitarrista é também um grande compositor.

Com essa formação a banda lança em 2009 seu 1º cd com o título “Meu Mundo”, disco esse que conta com letras um tanto quanto confessionais e canções que misturam o peso das guitarras e a suavidade das baladas, como em “Desilusão”, música de trabalho do quinteto, que já toca em várias rádios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e região Centro-Oeste do Brasil. Com show por todo o estado, a Radioestereo se prepara, agora, para a gravação do seu 1º clipe para o show de lançamento do cd, que acontecerá no mês de junho de 2009, em Porto Alegre.

Rodrigo fala sobre a influência do MySpace no trabalho da banda. Ouça o áudio aqui.

Para quem ficou curioso e quer curtir o som da banda, visite a página do Myspace, o blog oficial, além da página do grupo: www.radiostereo.com.br.

Da web para o cenário nacional

No cenário nacional são três grandes exemplos que cresceram e começaram a se difundir através da internet.

Fresno

Fresno

A banda gaúcha Fresno ganhou o Brasil apenas fazendo com que suas músicas circulassem na internet. Muito antes de tocar em rádios ou de vender milhares de cópias, a Fresno garantiu seu público e, acima de tudo, seu sucesso.

“Todo mundo que faz música e realmente gosta e se sente bem com que o que está fazendo sempre vai querer viver dela. E pra tornar isso possível, tem que conseguir público, vender disco, fazer show. É isso que a gente procurava quando colocamos nossas músicas na Internet pra divulgar nosso nome. A coisa cresceu rápido, mas foi de forma gradual, tipo trabalho de formiga, um passo de cada vez. Ainda temos uma longa estrada que está só começando. Enquanto estivermos gostando do que fazemos e nos divertindo, a gente vai continuar tocando e sei lá onde isso vai dar. ” (Fonte: Fresno.Blog)

Mallu Lagalhães

Mallu

Com apenas 17 anos, Mallu Magalhães é um dos maiores fenômenos brasileiro no Myspace. Seu perfil já foi visto mais de 3,7 milhões de vezes. Todo esse alarde rendeu a menina um disco físico, lançado em novembro, além de contratos para sua canção com empresas de telefonia celular.

Promovendo o MySpace

Promover bandas e manter o sucesso de muitas é o uma das principais funções do MySpace, porém, para que isso dê certo é necessário que mais pessoas conheçam esse espaço virtual. Para isso, entre as principais ações estão:

MySpace Secret Show

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Você iria há um show que não sabe onde e quando será realizado e tampouco quem vai tocar? Os usuários do MySpace vão e, geralmente, não se arrendem. Essa ação é o MySpace Secret Show que, como o próprio nome diz, é um show secreto onde, depois de seguir algumas instruções os usuários do serviço podem assitir gratuitamente. Nomes como Nx Zero, Mallu Magalhaes e Pato Fu ja integraram a ação que revela detalhes importantes como hora e local, dias antes de ele acontecer. E não é que dá certo?

MySpace Secret Show com Pato Fu, em Porto Alegre, no dia 28 de abril. Vídeos e fotos: Cler Oliveira.

Parcerias de sucesso com bandas de sucesso

Se a esperança de atingir um grande público com o MySpace é acalentada por pequenas bandas, com as grandes, de renome internacional, não é diferente. Para obter uma aproximação maior com os fãs, bandas e usuários do serviço, em parceria com diversas bandas e gravadoras, o MySpace promove um auê midiático de proporções farônicas. Alguns exemplos:

Coldplay lança o Viva la vida para ouvir no MySpace

A Coldplay, uma das bandas mais aclamadas dos últimos anos, depois de fazer o seu marketing em cima daquele que é considerado o melhor álbum de sua carreira, deixa, disponível para ouvir, a obra completa no MySpace por alguns dias. A repercussão do feito fez com que a banda ganhasse manchete no mundo inteiro e alavancasse as vendas de seu álbum lançado me julho.

Guns n’ Roses dá fim à lenda de Chinese Democracy no MySpace

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Contagem regressiva no MySpace  para o lançamento do álbum que demorou nada menos que 14 anos para acontecer: Chinese Democracy, do Guns n’ Roses.

Na quinta-feira, dia 20 de novembro de 2008, a banda disponibilizou, a exemplo do REM e outros ícones, Chinese completo para ouvir no MySpace via stream. A faixa que leva o mesmo nome do álbum, em um pouco mais de 48 horas foi ouvida mais de 1,3 milhões de vezes, ou seja, Axl, não só lançou a sua bolacha na rede como conseguiu bater um novo recorde com ela.

maio 14, 2009 Posted by | Internet, Streaming | , , , | 1 Comentário

Entrevista: Paulo James, dos Acústicos & Valvulados, fala sobre composição, música e Direito Autoral na Era da Internet

Paulo James - nosso entrevistado

Paulo James - nosso entrevistado (Foto: Pauline Costa)

Cristalinos acordes de violões amplificados por poderosas caixas valvuladas. O espírito roqueiro do Acústicos & Valvulados começa no próprio nome da banda. Desde seu início, impôs um estilo bem particular a sua música.

Em entrevista via e-mail para o Música x Direitos Autoriais, o principal compositor da banda, Paulo James, 37 anos, músico, compositor, jornalista formado pela UFRGS, e agora pai, falou um pouco sobre o trabalho realizado pelos Acústicos & Valvulados e sua posição diante do atual mercado fonográfico, ameaçado pela livre distribuição de músicas através da internet.

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Fotos: Pauline Costa

Música x Direitos Autorais – Como você vê o compartilhamento de músicas for free na internet: divulgação de trabalho, desrespeito à obra ou tendência de mercado?

Paulo James – Tem de tudo um pouco [risos]. Mas, mais do que isso, é a tecnologia disponível e a vontade/comportamento do público que criam essa situação. Sempre houve troca de música – desde os tempos do vinil, da fita K7, etc. O que rola agora é uma facilidade enorme de comunicação, de transferência de dados, o que acelerou e aumentou pra caralho esse processo de troca. A liberdade do público tem que ser preservada, porque é positiva. Mas acho que onde rola lucro com a música, esse lucro deve ser repartido com quem detem os direitos autorais e artísticos. Enfim, não se deve cobrar do público, mas sim dividir o faturamento publicitário.

MxDA – Como você classificaria o trabalho do Ecade (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição)? Sendo o único órgão responsável a atribuir os devidos valores aos direitos autorais ele cumpre a contento o seu papel?

PJ – Olha, comigo sempre funcionou, pelo menos dentro desse modelo que tá aí. Claro que falta muita coisa, mas o Ecad não é o único culpado. Falta conscientização dos contratantes de música ao vivo, e da mídia em geral, pra pagar os direitos. Por exemplo: de 10 shows, dois são efetivamente pagos. E tem muito veículo de mídia que lucra legal usando a música como carro-chefe da programação mas não paga os direitos dos autores dessa música.

Falta informação pros músicos e compositores, que não sabem como buscar seus direitos autorais e conexos, etc.

Quanto à questão da “atribuição de valores”, sempre é uma porcentagem da arrecadação que um contratante de show, promotor de festa, veículo de mídia, comércio, serviço tem ao utilizar a música pra faturar. Pra mim é isso mesmo que deve acontecer, não vejo outra maneira.

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MxDA – O Youtube, desde o ano passado, travou uma guerra contra os usuários a fim de garantir as medidas impostas pelas gravadoras na proteção dos direitos autorais. Entre as principais estão a medida que ‘cala’ vídeos feitos por internautas que utiliza músicas protegidas e a retirada de videos em perfis não oficiais ao mesmo tempo em que muitos não permitem a incorporação de videos em sites, blogs e páginas pessoais. O que você acha disso? É possível que o compositor receba pelo número de execução no Youtube ou outros agregadores de videos?

PJ – Bom, eu gostaria de receber [risos]. Acho que o YouTube (e outros) podem pagar os autores/gravadoras/artistas com parte da grana que ganha da publicidade. E é bastante grana que eles faturam com publicidade! Enfim, se a música está sendo usada pro cara lucrar, não vejo motivo pra não dividir esses pilas. Já retirar vídeos do ar é bobagem, é um faz-de-conta. O YouTube só “cumpre a lei” pra não comprar briga com a justiça, sabendo que logo em seguida outra pessoa vai lá e posta outro vídeo, num ciclo sem fim. É como fechar o Napster, que saiu de cena só pra dar lugar a outros mecanismos parecidos. A real é que não tem cabimento querer travar a expressão das pessoas, que usam a tecnologia e sempre serão criativas ao usar essa tecnologia, inventando novas formas de uso, novos programas, novas comunidades, etc.

Se o YouTube vai cobrar pelo serviço, sei lá. Muita gente pode pagar, mas outra penca de pessoas vai migrar pro próximo serviço gratuito, que certamente ganhará público. E assim por diante. Mais fácil seria eles abrirem a mão mesmo, dividir com os artistas, ao invés de embolsar todo o lucro publicitário.

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Fotos: Mônica Patrícia

MxDA – A quem pertence a música: à gravadora ou ao compositor? Se for ao compositor, por que são as gravadoras que impõem as regras de distribuição de conteúdo?

PJ – Pois é, isso é um lance simples, mas pouca gente saca. É assim: a autoria, claro, é do compositor. Nisso ninguém mexe. Mas quando tu faz contrato com uma gravadora, ocorre uma cessão de direitos. O que tu gravar durante este contrato, que são os fonogramas ou videofonogramas (aquela gravação específica daquela obra), são da gravadora. Tanto é que, da venda do CD/DVD, a gravadora ganha 95% e a banda 5%. Dos 95% da gravadora, uma parte é para direitos autorais – tipo 10% da planilha do CD, que vai ser dividida entre todos os autores que cederam sons praquele CD. Já se o cara é independente, e paga sua própria gravação, sua divulgação, etc., o fonograma é dele, e aí sim ele pode fazer o que bem entender, sem dar explicação a mais ninguém.

MxDA – Internet x Direitos Autorais: como você vê isso em um futuro próximo e qual seria uma solução para, senão terminar, amenizar o impasse?

PJ – Uma boa saída é direcionar parte da grana que os sites arrecadam com publicidade para pagamento dos autores, músicos, gravadoras, etc.  Simples, fácil e justo. E a tentativa de cobrar do público é besteira, não tem razão mesmo.

MxDA – Que medidas estão sendo tomadas para que o trabalho siga adiante sem ser prejudicado, tanto o trabalho, quanto a divulgação que hoje em dia depende também da internet?

PJ – Olha, o lance da divulgação é bem legal, te faz chegar mais longe, mais rápido. A gente sempre utilizou a Internet, dá pra dizer que desde os “primórdios” [risos]. Site, blog, emails, fotolog, sempre tem uns MP3 disponíveis, uns vídeos no YouTube, etc. Enfim, estamos em sintonia com o modelo que tá aí, mas torcemos pra que haja mais reconhecimento do trabalho dos músicos e autores, e que se evolua pra um sistema mais justo nesse sentido.

MxDA –  Quantas músicas você já compôs e para quem?

PJ – Mais de cem músicas, tranqüilamente, e a grande maioria pros Acústicos.

MxDA – Qual o maior sucesso de execução?

Essa é uma briga boa…Ou é Até A Hora de Parar ou Fim de Tarde Com Você.

MxDA – Além dos Direitos Autorais de onde vem a sua renda e, em percentuais, quanto disso provém apenas de Direitos Autorais?

PJ – Bah, rapá…Não faço tanto cálculo assim [risos]. Sou músico e compositor, ganho dos shows (mais), dos direitos autorais (médio) e da venda de CDs (pouco).

Sobre o Acústicos & Valvulados

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Foto: Mônica Patrícia

O Acústicos & Valvulados é uma banda de rock, mais especificadamente, rock gaúcho, formada em 1991. Nascida no rockabilly e ao longo dos anos desdobrou-se em rocks, folks, canções e baladas, em 1996, a gravadora Paradoxx apostou no rock do quarteto, e colocou na praça “God Bless Your Ass”. E mais adiante, a banda disparou com a incursão no mercado fonográfico que aconteceria em 1999, com o lançamento de um álbum homônimo.

Acústicos & Valvulados foi lançado pela Abril Music, em 2000. Com seu segundo disco na praça, com o mesmo nome da banda, o grupo viveu a sua primeira decepção com uma gravadora. Com o encerramento das atividades da empresa, a banda voltou a seu espírito independente.

Amadurecida esperou até 2001 para colocar nas prateleiras um novo disco, novamente chamado apenas de Acústicos & Valvulados. Em 2003 lançou o “Creme Dental Rock N’ Roll”, com a idéia de que esse deveria estar na boca de todos. E foi o que aconteceu: em 2005. “Esse Som Me Faz Tão Bem” foi lançado.

O trabalho mais atual da banda se chama “Acústico, ao vivo e a cores”, lançado no ano de 2007, em comemoração aos 15 anos de estrada. De terno e All Star, junto de seus fãs e amigos, a banda registrou essa comemoração no Leopoldina Juvenil, em Porto Alegre com participações especiais de importantes músicos gaúchos: Tchê Gomes, TNT, Márcio Petracco, Luciano Leães e Alexandre Papel Loureiro.

O CD e DVD “Acústico, ao vivo e a cores” é composto por 20 faixas, entre elas, seus maiores sucessos em um formato diferenciado, além do resgate de músicas menos conhecidas, quatro músicas inéditas (sendo três compostas por Alexandre Móica). Os Acústicos & Valvulados são Rafael Malenotti (voz), Alexandre Móica (violão e voz), Paulo James (bateria), Daniel Mossmann (violão) e Diego Lopes (baixo, piano e voz).

acusticos_mp5 Foto: Mônica Patrícia

Áudios: Ouça Acústicos & Valvulados:
Página da banda no MySpace | Site Oficial

abril 2, 2009 Posted by | Entrevista | , , , | 3 Comentários

A internet e as novas maneiras de ouvir música

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Foto: Cler Oliveira

Nas ruas, nas praças, ônibus, supermercados. As novas mídias trouxeram mobilidade a um dos tipos de lazer mais comuns entre os jovens: ouvir música. Se há muitos anos, para apreciar o trabaho de um cantor, a família se reunia em volta de um aparelho clássico, porém desengonçado, chamado Gramofone, hoje, o hábito de ouvir música pode ser, graças à tecnologia, um ato individual.

Cada um, por meio de pequenos players ou mesmo enquanto trabalha no seu computador, tem a sua disposição uma variedade infinita de músicas, sejam elas em MP3 ou via Streaming (na qual se ouve sem baixar).

Mas essa facilidade tem um preço que nem sempre os usuários estão dispostos a pagar que são os Direitos Autorais de obras fonográficas. Valores embutidos automaticamente em todos os materiais originais que saem via gravadora.

A internet mudou muitos dos hábitos de quem costumava comprar CD, como os da Fisioterapeuta Caroline Basegio, 25, que admite comprar CDs apenas de bandas que gosta e faz uso, cada vez mais, da internet para ouvir música.

Myspace

MySpaceUm dos meios mais conhecidos de ouvir músicas sem infringir nenhuma lei de direito autoral é o MySpace, a segunda rede social mais popular do mundo. O site é conhecido por ser um dos meios mais fáceis de divulgar trabalhos de novas bandas e cantores. Atualmente, reúne mais de 11 milhões de perfis de artistas entre profissionais, amadores e principiantes. No Brasil, catapultou bandas como Fresno e a cantora folk Mallu Magalhães do meio virtual ao estrelato físico.

Grandes nomes da música como Coldplay e até a hard rocker Guns n’ Roses optaram por lançar seus álbuns primeiro por lá e depois colocá-los nas prateleiras, afirmando que, desta forma, o produto físico se torna mais popular.E, de fato, pode ser.

“O verdadeiro fã compra o álbum, independente do valor. Nada melhor do que ter um produto com um bom acabamento nas mãos. Ouvir via Streaming é mais uma opção para que se conheça mais músicas e bandas”, (Lucas Vidal, 28, comerciante, fã de U2)

Blip.FM

blipUma rede social relativamente nova, que ainda não figura entre as mais conhecidas no mundo, vem chamando atenção por ser um dos meios mais interativos para ouvir música na internet. O Blip.FM pode ser definido como a união de diversas redes sociais que deram certo. Do Last FM pegou a facilidade de escolher e ouvir músicas via Streaming. Do Twitter, a comunicação entre os úsuários por meio de 140 caracteres e do Orkut, a possibilidade de reconhecer ser fã dos melhores Djs da rede por meio de props, que nada mais são do que pontos de recomendação às canções escolhidas pelos participantes.

Um passeio pelo Blip

A queda da indústria fonográfica

Há duas décadas, no início dos anos 90, a indústria fonográfica ainda desfrutava seu momento de glória. No entanto, com a propagação da internet, esse cenário passou a mudar lentamente e, através da troca de músicas via web, a indústria fonográfica começou a vivenciar uma crise que segue até hoje, intensificando no início dos anos 2000, a crise se fortaleceu com o fácil acesso à gravadores de CD’s, proporcionando o luxo da seleção das músicas que são gravadas.

Conforme os dados da Associação Brasileira de Produtores de Discos, a indústria realmente vem decaindo com o passar dos anos, é possível observar isso através dos dados disponíveis na tabela abaixo:

Evolução das vendas de Cd’s musicais no Brasil (2002/2006)

ANO Vendas Totais CD + DVD (R$) Unidades Totais (CD + DVD)
2002 726 milhões 75 milhões
2003 601 milhões 56 milhões
2004 706 milhões 66 milhões
2005 615.2 milhões 52,9 milhões
2006 454.2 milhões 37,7 milhões
2007 312.5 milhões 31.3 milhões
Variação(2006/2007) (- 31,2 %) (- 17,2 %)

Fonte: ABPD (valores reportados pelas maiores companhias fonográficas operantes no país à ABPD).

Nei Lisboa e a sua Webvitrola

webvitrola“Ainda há quem pretenda culpar o MP3 pela absoluta crise e derrocada da indústria fonográfica. Mas o formatinho compacto, ou sua atividade de troca, ao menos, já vai virando passado. É o streaming – transmissão pela rede, sem cópia integral dos arquivos – quem começa a tomar conta do nosso imaginário e da realidade, em um caminho previsível de se ter a música não mais como produto e sim como serviço.” (Nei Lisboa)

O artista gaúcho Nei Lisboa é um gênio, não apenas na arte de compor e interpretar suas músicas, mas também quando o assunto é visão de mercado. Tanto que criou a Webvitrola, um player de 2,7 MB que você copia para o seu desktop ou pen drive com certificação digital da Codomo. Basta estar conectado a uma banda larga para ouvir, com boa qualidade, a discografia completa do cantor. Com isso, Nei distribui sua obra de maneira legal, gratuita e, de quebra, ganha a simpatia dos fãs.

março 12, 2009 Posted by | Internet, Streaming | , , , , , , , , , | Deixe um comentário